Casa 777 - a curandeira.

 

O ano pouco importa nesta história, mas com certeza vocês vão descobrir logo. É que a gente vai mostrando os cenários por onde as personagens vivem e acabamos nos denunciando. Bem,  isso também é de pouca relevância.  Ela gosta de cães. Suas bonecas cresceram com ela e sua casa e sua vida são a continuação de suas antigas e extintas fantasias. Morava numa favela de pouca urbanização mas era a casa mais frequentada. Cuidava das crianças. Cada erva plantada no pequeno canteiro dos milagres estava regado de uma dessas histórias de arrepiar. Certa vez uma mãe aflita lhe trouxe a filha de 8 anos ardendo em febre, toda enrolada em trapos, ela correu, abriu as janelas, a porta da cozinha,  uma janela que corria bem o vento e desembrulhou a criança... A menina tremia de febre, estava prestes a desmaiar quando a louca joga uma toalha ensopada de água fria. A menina coitada desmaia. A mãe vê a cena e se mantém imóvel. A velha louca abraça a criança segura-a firme e deita sobre um monte de mandalas produzidas no couro de pequenos animais. Tipo uma almofada de couro fofo onde a pequena desapareceu entre os pelos. Horas depois uma receita de chá de anador e  muito líquido. Que se repetiu pela madrugada duas, três quatro, cinco horas da manhã  e à pequena dormia sem febre. A mãe agradecida, paupérrima,  lhe trouxe uma muda de alecrim, muito bom pro fígado. A louça agradeceu e voltou-se para o seu pequeno terreiro de ervas se agachou cavando com as mãos e enterrando a pequena mudinha de alecrim numa felicidade que refletia a própria  luz do sol.
O bom jeitinho brasileiro
Enxergar uma oportunidade num momento de crise é algo espetacular. Também pode ser constrangedor. Pense em quantas funerárias foram abertas durante as grandes guerras. Mas aqui entre nós, brasileiros, parece que já nascemos em meio a uma crise sem fim e sem saber ao certo sua origem.  O fato é que Roberto da mata desmitificou o jeitinho "malandro" brasileiro e enxergou com propriedade um público que faz e refaz aprendendo a superar os obstáculos "naturais" como fome, pobreza, desemprego, doenças,  catástrofes,  com a nobreza de um inglês e a astúcia de um sangue puro latino. Dona luci não é diferente. É um achado. É o reflexo da moderna escrava que cantarolava canções tristes enquanto apanhava algodão no campo. Hoje, ela quer falar inglês,  desfilarem sua ingenuidade e sagacidade com maestria e um tipo de arrogância que é permitido aos humildes, a fé. Talvez a fé não na mitologia, mas a fé que o poeta bradou "fé na vida fé no homem" capaz de transformar o infortúnio de uma situação econômica em samba. Em mais razão para viver e fazer o outro viver. Copeira, mae, cabeleireira, poliglota, o sulco por onde escorre o sangue e as lágrimas também transborda de coragem e criatividade. Honestidade parece ser um traço forte, indispensável para o bom jeitinho brasileiro. 
Em um país onde o politicamente correto aplaude o consumidor dona luci desvia os olhares tenebrosos do capital do desemprego da miséria da falta de segurança e de saúde com a tolerância da situação que se apresenta.
Ñnnnnnnnnnñ  n       nnnnnnbnnnnb n
.. no carro de boi dos meus avós
Era um barato. Mesmo que eu não soubesse o que era um barato ainda. As vezes tínhamos que caminhar. Por uma estrada de areia grossa e branca com pequenas pedras entre é como cerca tinha a planta chamada "dedinho"
Uma planta fina sem folhas verdes eram canudos verdes cheios de leite. E o medo de um boi louco aparecer de repente. O sol castigava. Uma vez fui com meu pai e o cunhado dele marido de tia dudu. Zé Augusto.  Fui drogado. Fumei um baseado cedo e antes de sairmos bebi um benthyl. Eu lembro Pouca coisa. Mas zé era o chato. O crente. Certo momento ele diz "estou evangelizando" eu retrucou "acho que não,  estamos apenas conversando" depois houve outras conversas que nunca vou lembrar.

...O atraso está na desvalorização de nossos bens. A ganância é tamanha que o pouco que deveria pertencer aos nativos, descendentes e outros perdendo suas terras e sendo obrigado a trabalhar para sobreviver. Acredito que a igreja esteja envol

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