A PARTEIRA 1 parte 2

Os gatos apareceram do nada naquela noite. Muitos gatos em cima do muro, pelas calçadas e alguns gatos caminhavam entre as pessoas, poucas pessoas na verdade. As sete da noite eu me dirigia para mais uma noite fria e solitária. Uma fugitiva sozinha e com fome. Ouvi uma sirene ao longe que me recortou a sirene do abrigo. Parecia a Universidade que recebia os corpos dos meninos. O que aqueles corpos fariam ali?

Desculpe senhora, existe uma lei que nos permite saber o nome das crianças que foram trazidas para estudo. O senhor me desculpe, mas depois que é feito a doação ou até mesmo o recolhimento e se o prazo estiver vencido, o senhor deve saber, três dias, este é o prazo, então, me desculpe. Nada de nomes. Mas senhora, pode ser o meu filho. Eu fui entrando na salinha de recepção e fui ouvindo aquela ladainha. Me aproximei e perguntei por Boris. Boris? Eu disse, sim o Boris está? A velha gorda me reconheceu e sorriu, fez com os olhos o gesto para eu ir para a direita. A ladainha continuou. Entrei em uma sala e lá estava o meu amigo Boris, sentado em frente ao seu velho notbook pornográfico comendo uma coxa de frango. O que faz aqui sua maluca assassina? Eu estou com fome, fugi faz dez dias e ainda não comi e nem dormi direito, o que você pode fazer  por mim? Venha, vamos fazer um sexo gostoso. Depois que eu chupei aquele desgraçado e ele me enrabou ele me deixou tomar um banho na pia e dormir na mesa gelada dos cadáveres. Fiquei ali até amanhecer. Antes da troca de turno ele me serviu um café com bolachas... foi a última refeição que aquele porco me serviu. Sentada naquela mesa de mármore fria abri minhas pernas e ele veio me chupar... bati com toda força sua cabeça contra a pedra... seu sangue ensopou minha vagina... quase gozei... pulei pra cima dele e bati sua cabeça três, quatro, cinco vezes até sentir que a sua respiração havia parado. Agora era sair dali o mais rápido possível. O corredor ia dar em uma escadaria que dava pros fundos da Universidade, logo alguém iria chegar para render aquele porco. Eu subi no muro, espantei os gatos e pulei fora.

Amanheci em uma sacada enrolada com jornais velhos. Dois mendigos estavam ao meu lado. Ei moça, seus cabelos estão sujos de sangue. Não ligue velho tolo. Ela está menstruada. Rimos juntos e um dos idiotas me serviu uma garrafa de cachaça, bebi. Sentamos esperando o sol amadurecer as frutas para o café da manhã. Alguém abriu uma lanchonete e aquele cheiro de café invadiu o meu juízo, não me contive, levantei e fui até a lanchonete. Bebi um café pequeno. O jovem veio me cobrar mas parou estatelado olhando para meus cabelos sujos, quer um boquete garoto? Ele consentiu e eu o chupei por trás do balcão. Ainda era cedo quando a polícia deixou a universidade. O corpo do porco ainda sangrava. Eu pude ver aquele nojento comedor de rabo se foder indo para o inferno. Era lá o seu lugar. Vi o diabo acenando para mim me agradecendo enquanto chicoteava o corpo do porco com seu rabo em chamas... uma cena agradável.

 Os velhos estavam sentados em um banco desses quebrados, que servem somente para os mendigos. Eu ainda era uma fugitiva, eles não sabiam, e eram presas fáceis e de certa forma um bom álibi para me manter escondida, entre os velhos mendigos, bêbados e mau cheirosos. Eram gente como eu. Loucos e assassinos de uma realidade... a dos outros. Vocês, velhos bêbados, comem o que durante o dia? Sempre jogam o lixo do restaurante popular as duas, se der tempo, e a gente ainda tiver sóbrios sempre comemos nesse horário. Eram dez pras nove.  Teria que fazer alguma coisa até lá. Lembrei do menino da lanchonete... fiz outro boquete nele, dessa vez ele demorou a gozar, estava com câimbras no maxilar de tanto socar aquela pica dentro, mais e mais  dentro de mim,  ele finalmente gozou e me deu uma torrada com uma grande xícara de café. Eu te abençoou garoto gozador... espero que você viva mais do que eu...Eu saiu daqui as três horas. Eu vou te esperar garoto. Depois do lixo do restaurante popular ser colocado nas vasilhas, nós, os mendigos corremos para juntar nossa refeição. Comemos peixe com batatas naquela tarde. Os gatos nos desafiavam e sempre conseguiam roubar mais do que nós. Descansava embaixo de uma escadaria e fumava um cigarro... aquele rapaz saia da lanchonete de bicicleta e passou sem me ver. Resolvi ir por um atalho e encontrei-o em uma praça com bastante árvores... ele sorriu e foi o seu último sorriso. Pulei no pescoço dele com uma lâmina de espelho corteio certeiramente entre a jugular e a aorta seu sangue espirrou em minha boca... ele não teve chance de respirar. Caiu quieto. Bebi sua porra e agora seu sangue. Filho de uma puta. Corri dali. Uma criança suja me viu. Desapareceu entre as árvores. A polícia logo chegaria ali.

Depois que minha irmã foi levada para a delegacia nunca mais eu a veria de novo. Ela ficou sob a custódia de uma vizinha que a maltratava muito. Bem, como eu soube disso? Escute a história e se faça de bonzinho. Quem sabe eu consiga ter compaixão de você.

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