VAGABUNDO

Ouvindo B.B. King. Agora eu vivo por aí sem emprego. Para o resto da sociedade eu sou um belo de um vagabundo. Um cão sem dono mesmo estando casado e recebendo dois aluguéis, uma parte da pensão por morte de minha ex-esposa, graças ao meu sogro, que durante a sua doença terminal resolveu fazer uma boa ação e pagar o INSS da filha. De resto eu vivo, como disse, por aí.
Tenho uma filha e um afilhado do primeiro relacionamento de minha esposa. Atualmente ambos vivem suas vidas sem me perturbar muito. Quanto ao meu casamento, o segundo,  este se parece mais com um caso de adolescente. A merda toda é que ela é evangélica e eu sou um coroa cheio de vícios e sem pretensão nenhuma de ganhar dinheiro. Fumo e como maconha, bebo cachaça todos os dias, fumo cigarro normal, remédios me deixam calmo, qualquer um, mas sempre tomando muitos, eu disse muitos, mas isso  é só de vez em quando. A última vez foi no início do semestre. Um cara nos conseguiu ritalina, remédio tarja preta que serve para o tratamento de falta de concentração e eu fui logo tomando dois por dia depois três e depois foi de cinco em cinco... minha concentração ficou muito top. Mas surgiu umas dores na cabeça e eu achei melhor dar um tempo naquelas delícias. A porra da birita vai me distraindo quando o tédio toma conta da rotina. Ah! ia esquecendo de falar em sexo. Com algumas putas, com minha esposa e as vezes uma punheta pra manter a qualidade em alta. Aos quarenta e sete tenho um currículo que mais parece uma lista telefônica. Nada demais. Recentemente voltei aos bancos escolares e mesmo assim a porra da depressão e o desapego pelas coisas da vida e da humanidade continuam me fascinando bem mais que a novidade para um jovem casal no dia do nascimento de seu bebê.
Moro com minha mãe e meu irmão especial. Minha filha também tem seu quarto nesta casa. Gosto de ver filmes, comida, música e não tenho religião. Até tive em um período de minha vida, mas depois de uma crise pós morte de minha primeira esposa e um joguinho político dentro da comunidade em que eu passei nove anos frequentando, resolvi me desapegar desses negros pontos espirituais. (...)

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