UM SOL DE HIPOCRISIA

Hoje eu queria estar embriagado, como um porco sujo e feliz dentro da lama. Queria mandar à merda e à puta que os pariu todas as pessoas que invadem a minha vida supondo que sabem qual é o melhor para mim. Me ditam as ordens e falam que eu preciso tomar juízo. Mas eu não estou embriagado. Estou tentando sobreviver de uma crise. Acho que em dois ou três dias eu estarei bem. Aproveito para me distrair escrevendo e ou assistindo um bom filme, as vezes folheio um livro de uma boa história, coisas como algumas disciplinas ou romances marginais. Não. As vezes nenhuma palavra encaixa na vida que a gente leva. E a gente compra o tédio sem se dar conta que o preço é o sangue da gente. Quando encontrarei uma pessoa justa nessa maldita vida, enquanto a tenho? Uma pessoa que não me dite as regras da hipocrisia. Um sol. Quero rir pensando nisso e percebo que se eu for rir eu estarei rindo de minhas neuroses. São neuroses esquizofrênicas. Cheias de abutres coloridos felizes. Voam despercebidos pelas cenas da rotina social em cada palco em cada camarim. Eu os amo. Sem sombra de dúvida escrever é um ato de ressurreição. Já estou melhor. Mas preciso controlar meus demônios. Preciso.