NOSSO PLANO DE SAÚDE

meus dedos trêmulos coçando a cabeça cheia
meus dedos trêmulos 
inchados pelo álcool consumido com prazer
meus dedos trêmulos
imigrantes em minhas mãos vacilantes
as mãos de um homem triste
as mãos de um desgraçado 
meus dedos trêmulos esticados ao vento
desconfigurados e sem cor 
a cor que antes era da vida
hoje remete ao fim
um fim delicioso
sem dor e sem medo
aonde o destino
será o rei da senzala e a solidão sua rainha
amo essa desgraça
que seja ela sempre a minha realidade
eu sinto muito nunca ter sido o melhor homem
mas meus dedos trêmulos insistem
em ser cada um seus amigos viciados
em cada garrafa de bebida sem fim
é como se a vida fosse uma base líquida
ninguém tem nada com isso.
A bebida que eu bebi
envenenada a minha alma
foi a sorte de uns poucos
e a falência de tantos outros.

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