Mitologia dos PETS (caninos)


Bem debaixo da mesa branca estavam Catarina e Lutero. Dois cães. Dóceis como qualquer animal. Logo Lutero havia chegado primeiro no lote 247 da cegonha aqui do Planalto mesmo, já a cegonha de Catarina nos cobrou a ida e a volta, virou UBER.  É! A vida não está fácil para ninguém. Os dois cresceram na harmonia da casa. Passaram a fazer parte da família. E com a pandemia o relacionamento com eles só aumentou naturalmente. Lutero sempre gostou de deitar no tapete da sala ou ao lado da cama no quarto, na brechinha entre a cama e o guarda roupas. Eu fiquei tão próximo destes animais que praticamente tomávamos banhos juntos. Claro que era eu que dava banho neles ou você acha que eles sabem tomar banho sozinhos? 

Então passei a observar o comportamento dos dois. Afinal, é pela primeira vez que crio um casal de animais de sexos opostos. Aqui em casa já teve outros casais, fifi e bebel, bebel e luna, bebel e nara. A partir de nara  passamos a criar um macho, no caso o camarada Lutero. Logo houve a necessidade de encontrar uma companheira e a maldita cegonha estava em cajupiranga. Eu não contei conversa. Coloquei a patroa de prontidão e foi só receber o ok de Ricardo dizendo que estava na época de desmamar os cãeszinhos que autorizamos o voo. A cegonha voou sobre o mundareu que é parnamirim em direção ao Planalto. Um bairro da zona Oeste de Natal. 

Fiquei observando as brincadeiras, sim, eles logo se adaptaram. Observava o que eles faziam. Algo como ir ensinando e observando a resposta do animal, do tipo, não faz xixi aqui, sobe na cadeira, fica quieto, senta, calado, Lutero incrivelmente ainda com dois para três meses subiu na lavanderia. Acho estranho até hoje. Catarina comia e ao invés de vir pra perto da gente e dormir, como Lutero fazia, dormia no tapete da sala, não. Ela ia para o seu cantinho. Já estava dormindo no beco. Todo forradinho com seus paninhos e seus brinquedos. Uma bola e um osso. Acho estranho até hoje.

Com a rotina atrapalhada pela pandemia eu me sentia com bem mais tempo para observar os bichos. 

foi quando passei a perceber que Lutero virava muito a cabeça. Olhando para o nada e cada vez mais mostrando um olhar de resposta a alguma coisa. Isso é bem diferente de um cão observar um gato por baixo das telhas. Algo conversava com ele. Logo que percebi tal coisa achei que estivesse ficando louco. Com o passar do tempo fui constatando que na hora do jantar deles que nunca passa das 22 horas havia um movimento diferenciado entre eles. Lutero agitado e ao mesmo tempo concentrado em alguma coisa. Foi quando Catarina passou a latir muito descontrolada para Lutero e aí eu tive a certeza. Os meus cães são espíritas. De noite lá pela madrugada nós ouvimos as bacias se arrastando pelo chão, as cadeiras e as mesas tremendo, isso tudo acontecendo e eu aqui entre os sonhos com Ellen Roche e o terror no quintal. 

Estou pensando em me capacitar na ordem dos fraternos cães medi-únicos judaicos ou árabes, ainda não me decidi  sei que existem vários cursos. 

Vejam a importância da ciência.  A metodologia apurada. A mensuração dos fatos. Videos. cada etapa registrada. 

Acho que posso concorrer ao Nobel da pax caninos.

Comentários

Postagens mais visitadas