Um pequeno e monstruoso ponto em comum!

        Bem sem propósito estava eu relendo a genealogia da moral bem na página 24 no número 4 quando me pus a falar com minha esposa sobre a origem explicitada por Nietsche referindo-se a aristocracia  e aos plebeus como sendo fundantes da ressignificação daquilo que vem a ser bom ou mau.  Como o autor propõe há uma ligação antagônica e descarada de desigualdade de sentimentos , o germe da luta de classes. Neste pequeno momento do pensamento monstruoso deste autor que encanta e desencanta weberianamente falando, abrindo os nossos olhos para uma realidade que conecta com a história contada e desmente a medonha ideologia de dominação, neste micro ponto cabe esta interpretação. Mesmo que haja defensores de uma contraposição, há uma certeza a ser contemplada, isso nos fortalecerá. O mundo destes dois autores que trato neste pequeno discurso, nesta época de muitos leitores superficiais, o que não é sinal de erro ou engano, talvez até seja, mas, o que nos leva a pensar como pensamos é ledo engano o tempo todo. Nem um em um milhão pode se gabar de controlar suas emoções. No travesseiro a legião de demônios surge. 

       Então destaco a citação para discorrer em vanguarda as micro pistas para que possamos nos ater aos pontos que pudermos encontrar equipolente. para o autor sua problematização parte da questão etimológica da palavra bom nas diversas línguas. Isto o leva a descoberta de que esta palavra deriva de uma mesma conceituação em transformação, sendo construída.  O autor destampa o baú dos medonhos do mundo, os dominadores, aristocratas, nobres, que se utilizavam de seu status vergonhoso herdado ou usurpado pela ganancia e desprezo aos pobres, estes que consomem café brasileiro em paris e imaginam o ar puro que respiram e a pureza do bom café os torna seres sociáveis, uma mentira, uma seboseira. Estes mentores das regras e dos bons costumes desta padronização imposta e reproduzida e massificada é o germe de toda afeição da palavra "bom". Este é o sentido da ordem social. Para ser o bom você seria aclamado como uma pessoa que possuía uma alma elevada e privilegiada.

       Em contra partida o oposto desta ordem  marginaliza-se análoga à vida dos plebeus, dos comuns, dos baixos, aqui culmina o exemplo para o conceito de mau. Sem privilégios, os comuns como eram chamados os muitos povos sem terras, desempregados, viciados, trabalhadores de pequenos feudos, escravos, toda a sorte de pessoas que não nasceram em berços reais. Para tanto havia o homem comum que não era suspeito. Nietzsche prioriza a semântica das palavras e as identifica nestes dois períodos, um que define e exclui como sendo os aristocrata e nobres e os desempregados, o povo, e outro em que há uma espécie de suspeita confiança.  O mau está historicamente ligado ao compendio da desigualdade. 

       Entretanto há um encontro nas ideias entre Marx e Nietszche, uma pequena consensualidade em seus universos intelectuais, em suas viagens sobre a humanidade e como ela se comporta. Neste paragrafo apontarei em Marx o micro ponto monstruoso que deve coadunar com o que vem sendo colocado. Para Marx a industrialização trouxe a tona o espectro da desigualdade e da humilhação sofrida por um grupo em detrimento de outro. Estava posta a percepção das classes. Os que se oferecem para trabalhar vendendo sua força de trabalho e os que ocupavam o lugar de donos das fábricas, o autor os denomina de burgueses e proletários. Oriundos dos grandes feudos, comerciantes famosos logo compreenderam que eles estavam a frente na decisão de vida ou morte, o emprego nas fábricas era o que se apresentava como opção para a sobrevivência até então. O poder de negociação se torna injusto. É este o ponto. A desigualdade é outra vez a visão de mundo que qualifica os bons e os maus. Um novo regime político foi denunciado, o capitalismo, um outro e revolucionário regime foi ante posto como teoria em resposta aos desagravos causados pelo capitalismo, este é o socialismo. 

       Para concluir estimo sua paciência em ter chegado até aqui nesta leitura e suportado meus erros de coerência e outras coisas mais e então afirmar que se pudermos nos ater aos mestres que observam o mundo sempre houve quem comandasse o destino do homem, nada místico, mas real, condutor da desigualdade social. E neste ponto os dois autores citados perceberam esta desigualdade. Cada um segue sua linha. Como deve ser. Para nós meros mortais resta-nos ir compreendendo as mudanças e refletindo naquilo que ainda faz sentido. 


Referência:

1  Nietzsche, friedrich Wilhelm, 1884-1900 a genealogia da moral são paulo 2017 pg 24

2 acesso 09:00 05/03/22 (https://www.webartigos.com/artigos/classe-social-no-pensamento-de-marx-weber-e-buordieu-e-reproducao-de-classe-social/143366/)






      

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