DAS MASMORRAS ACADÊMICAS
Praga, 25/10/1820
Preocupação e saudade
Querida esposa Anabelle, informo-lhe com ansiedade maior que o habitual. Louco pelas leituras e trabalhos. Agora estamos confinados em nossos quartos, os livros da biblioteca demoram a a passar e as provas, trabalhos e seminários apressam-se por chegar. O importante é que estamos nos dando bem. Estamos em três no quarto. Nossa saúde se mantém estável. Não tivemos febre nestes seis meses de confinamento. Querida, a cólera está sob controle e logo logo estaremos voltando ao normal. Por estarmos confinados acabamos vivendo momentos confusos entre a mais perfeita inspiração espiritual e uma tempestade emocional por coisas que antes nunca seriam motivo de um conflito, sim, esta é a melhor definição para nossos comportamentos. Pasme meu amor, a Universidade, de fato, os internos, são a prova de que definitivamente não fomos feitos para viver em cavernas para sempre. Anabelle querida, o sol e a chuva por aqui são muito irregulares. Mas a predominância é tropical muito quente. A minúscula janela e um ventilador médio para três marmanjos te afirmo, sem dúvida, não dá conta de esfriar. Já quando chove melhora significativamente. Querida, gostaria de enviar-te todos os meus pensamentos e saudades. Mas sei de seu compromisso com a casa de saúde. Seu coração é uma mãe. Pena que nossa estada neste plano não nos foi agraciado um filhote serelepe. Acima disso temos um ao outro.
Sem mais, teu esposo (quase formado)
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