UM ROMANCE TRISTE DEMAIS PARA TER UM FINAL

A segunda grande guerra entre os invasores da liberdade e os reacionários da segurança explodiu. Uma bomba sem poesia esticada ao rolo de sangue jovem e imaturo. Uma manhã de 1935 em que as flores de bom dia resolveram não abrir. Ficamos deitados na rede ouvindo as músicas sertanejas no rádio. O dia amanheceu sem o sol quente de costume e as galinhas ainda estavam empoleiradas. O café posto na chaleira esperava somente aquele ponto de ebulição para despertar a coragem de levantar e correr para que não derramasse e sujasse o fogão, na verdade molhasse a lenha. O rádio toca músicas regionais, nacionais e também devido o intensivo doutrinamento estadunidense somos bombardeados com as pérolas do rock. O que influenciou muito jabuti por aí. Desci da rede correndo que o café tava cheirando já e ia derramar, por sorte nenhuma gotinha se perdeu. arrumo as canecas sobre a mesa e vou enchendo de café, forte, doce enquanto Mirian balança na rede. Ela amanheceu linda - como habitual - ela cada vez que me olha sempre me arranca um pedaço, seus olhos compreendem minha loucura, somos desligados da urgência de viver... apenas vivemos. O sorriso dela diz o que todo homem quer escutar de uma mulher... sou sua, sou toda e totalmente sua e sou livre... Miriam é uma dessas mulheres que paixão nenhuma romperá seu caso com a liberdade. Miriam me acompanhou com seus olhos felinos até a mesa peguei minha caneca de café e bebi uma golada encarando sua beleza jovial e cheia de harmonia ouvíamos Francisco Alves "nem é bom falar" apanhei sua caneca e nos sentamos na beira da rede.Nada do sol e a casa parecia também não querer acordar. Eu estava apaixonado por aquela mulher. A música foi interrompida para mais uma notícia sobre a guerra. Paramos de beber o café. Acendi um cigarro e levantei. Meu amor continuou na rede. Apanhei a garrafa de conhaque e me sentei à mesa levei o rádio. Sete horas da manhã. Miriam passou para o banheiro. Jovens brasileiros seriam alistados para fazer parte da guerra noticiava o repórter Esso. (continua)

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