PAREDE DO BANHEIRO

 nA PAREDE DO BANHEIRO  estava o pequeno ar condicionado. marcava 23 graus. era branco e parecia ser limpo. Limpeza fede feito boró de pedra. Um malandro cracudo me ensinou a fazer o "docinho" achei aquela aula muito didática. A água que escorria do pequeno ar condicionado atravessava a parede por um cano pvc e ficava pingando dentro do banheiro. A almofada do vaso estava quebrada. Há um niquitório que foi preciso usar uma toalha para que a catinga de mijo de velho não atrapalhasse o sono. O depósito de sabonetes também estava quebrado, assim como a maçaneta da porta do banheiro. A maior janela nos apartamentos e enfermarias que davam para ver as garotas embaixo, do outro lado, era justamente aquele bem frequentado banheiro. Era divertido dentro da minha solidão e das catatumbas da minha insanidade pura  prever um namoro entre os pacientes. Cartas eram trocadas com a ajuda de algum enfermeiro "gente boa". Primeiro você subia na quina da pia, era a parte mais resistente -  aqueles punheheitos alimentavam as formigas - gritos e declarações de amor. Juras de uma vida ainda mais louca. Tinha o horário para frequentar o WC da punheta. Sempre depois do horário da janta um fuzuê se fazia na enfermaria 305 - Hotência terceiro andar.  Eu me largava na cama e ficava assistindo como se fosse a coisa mais natural do mundo. Um entra e sai da porra, uma risadagem, o banheiro ficava podre. Só depois de alguns dias foi que eu tomei ciência da escala de benfeitores que usavam seus malabarismos para subir na pia, trocar ideias com as doidinhas, que muitas vezes tocavam siririca para deleite dos onanistas maravilhosos. A coisa só melçhora. Pela manhã sempre depois do horário do café, o cara da limpeza, (terá seu nome trocado para preservar sua imagem), crente, desses que perdeu a fé e se ampara nos usos e costumes pra manter a aparência, fazia a limpeza, com seu carrinho amarelo, seus baldes, suas varousas e seu semblante triste. Inicialmente ele entrava sem o carrinho. Com um balde ele despejava sabão e detergente pela sala da enfermaria. No Banheiro notei que ele jogava água nos azulejos e curioso que os seus companheiros de trabalhos quando ele estava de folga caçuavam dele, achando que era um serviço desnecessário. Porra! Foi Quando saquei que aquelas formigas pretas algumas grandes outras bem pequenas que desciam pelos azulejos estavam na busca da porra dos punheteiros. Aquela farra só não foi desfeita por que eu pequei sabão com o cara da limpeza. Puta que pariu minha escova de dentes em cima daquela porra. Mesmo assim, foi com este cara frágil, cumpridor de suas funções, que consegui rasgar o véu do nosso incosncience e em algum momento o paciente e o funcionário sumiam. 

"Eu vejo a névoa fria no meio da noiteE assisto as colinas rolarem para fora da vistaEu vejo em todos os sentidosDentro para fora, fora para dentro, todos os dias"

Perpetual Change - Yes

Não havia depresão crônica naquela parede de banheiro. Branca e só. Com sua porta da tranca quebrada. Do outro lado por onde escorria a água em um cano pvc que mal feito saia da parede e ra amarrado em uma especdie de cano de eletricidade nrevestido com um saco e preso por presilhas havia um chuveiro e uma pedra de mármore que separava o banho do cagador. o chuveiro era normal. O ralo era de inox, vejam só. Abriu o coração. A consciência não sabe que faz ela despertar. Não ofendi suas convicções religiosas. Estavamos dentro de dilemas da vida, de que me adiantaria conflitar uma capa de humanidade espojada numa poça de lama onde eu mesmo estou deitado? Problemas com uma filha que poderia ser ou não dele. Essas merdas acabam com o cara. A mulher novinha e agitada nas bandas e madrugadas. 3 meses a filha. A vó dela que cuidava. O banheiro sempre saia limpo.  Dos 960,00 mensais que ele recebia mesmo incerto sobre a procedência da menina ajudava como podia. Mas sua alma amargurada pela dúvida e pela culpa estavam tornando aquele operário que trabalhava seis dias (incluindo  Sábado Domingo ou feriado) para folgar um dia apenas com o salário liquído de 960,00  numa outra pessoa. Sua fé em Deus já era clara que não existia. Suas dores ele escondia aprimorando o piso do banheiro. Sempre de uniforme impecável e luvas sempre bem colocadas. Uma alma infeliz que pontualmente dirigia seu carro de limpeza pelo corredor e caprichava para que cada banheiro estivesse aos desejos do administrador. O que havia de doença crônica naquele banheiro durante a limpeza servia para purificar o germe escondido por baixo da pele de um um homem sofredor.  






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