Dormindo na Calçada.

O mundo onde a vida existe com todas as complicações possíveis e impossíveis de serem resolvidas pertence aos que venceram seus desafios. Cada um sabe bem onde seu calo dói dentro do sapato. Existem pessoas que ouvem o canto da sereia. Outras nunca vão ouvir. Outras tantas nem sabem que sereias existem e ainda cantam. Isso nunca foi um problema. Mas pode vir a ser um dia. 

Quando dei por mim estava bebendo depois do trabalhoo numa barraca com ciganos. Todos cantavam... bebiam... Eu tentei me recordar como fui parar ali. Havia um bar que depois do trabalho era sagrado uma rodada de sinuca, benflogim, e algumas cervejas, neste dia antes da cerveja saindo da farmácia vi um casal jovem de modos estranhos, caminhavam lado a lado, tropegos,  me aproximei e ofereci uma cerveja. Tomei o benflogim sem me exibir. Certo momento não havia mais o que falar.  Fiquei olhando o casal. Magros, brancos, roupas rasgadas, falando de agulhas e pó. Eu não vi demônios entre os dois. A Cerveja me fez lembrar de mijar. Chamei a garota. Suja. Cabelos desajustados. Jeans e blusa sem sutiã entrei no banheiro ela esperou deixei dez comprimidos na pia. Me sentei. Ela apareceu com cinco e deu ao jovem. Outra cerveja e o silêncio voltou acompanhado.  Ela tinha uma cintura do caralho. Chamei o jovem pra perto de mim, perguntei se eram casados e ele me disse que eram irmãos. Bebemos até meia noite. O bar fechou. Subimos pra cidade. Caminhamos sempre na esperança de um ônibus. Veio um. Descemos na parada da metropolitana e não havia gente esperando o ônibus apenas cavalos no centro da praça. Encontramos uma roda de samba numa das ruas perto do novo camelô.  O camelô sempre tinha um plantonista. Pegamos dez reais de fumo ďuas pedras  e fomos fumar perto dos cavalos. Crianças de farda cantavam músicas dos Beatles.  Foi um show e tanto. 

Um senhor de boné do ABC me acordou de dia. Numa praça perto do palácio dos esportes. 

_ Meu rapaz procure uma sombra.

_ obrigado. Eu olhei a hora... 6:15

Fui caminhando pro trabalho.  Depois desse dia nunca mais os vi.

Me disseram que eram viciados em pico - heroina -   de família rica. 


Acho que já morreram. Meus primeiros ídolos. Gente louca que bebeu comigo. 

Espero um dia que eu não deixe de encontrar heróis assim pela vida.

 







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