Poema Das Matas Virgens Ou Que Sobraram

vou descalço
dentro do mato
entre galhos secos e vales de formiga, 
alguns silvos, sei que não são para mim,
são os silvos da queda do sol, da escuridão medonha que se desenha 
sigo sem medo, destemido
vou lutar sozinho contra  todos os grileiros 
serei um simples homem que perdeu o juízo e me atirarei na frente de um jagunço 
outro peste sofredor
se a bala for minha eu pego.
nunca fui goleiro, mas era bom brincando de ser...o mato alto aqui bem que servia pra aqueles meninos que só jogam na areia dura...
no tempo do orkut
um padre que vivia na luta contra o desmatamento ilegal bem nas terras indígenas no amazonas 
me descreveu coisas horríveis
bem, do meio para o fim ele me pedia ajuda em dinheiro, fiquei bem cismado...
não respondi mais seus recados...
mas eu posso dizer que o medo nas suas palavras digitadas
respingava o vermelho do sangue  pelo quarto todo...
foram dias de acompanhar os jornais, mas nada, 
nenhuma menção ou notinha sobre massacres ou mortes em acampamento no norte, nada.
estou descalço
olhando o mar que me inquieta o juízo.
preciso enfrentar meu monstro de caricatura 
moram comigo, comportados, porém excêntricos.
as vezes me assusto com uma sombra...
fico rindo dessas coisas
da minha falta de fé
em tudo... 
enquanto tempo teremos de volta as matas que destruímos?
devemos instituir que o novo homem terá que escolher voluntariamente sua muda de arvore e ser obrigado a plantar a cada dez anos. um ritual da transição da infância para a pre adolescência e posterior juventude. um ato sagrado. 
A iniciação masculina do novo homem.
consciente de seu compromisso com a mãe natureza, provedora de nossas necessidades. 
que deverá ter seus pés descalços, não por tradição ou costume ou mesmo regra social, não, 
apenas por compreender que quem ama cuida.






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