Um preço

Um preço

Sobre cada espírito que existe no universo, e é para pensar nele todo, até o inimaginável que possa ser, há quem determine seu preço, há quem lhe diminua.
Pois bem, a novidade é que temos um preço.
Os animais, que nós afirmamos, diferentes do ser humano, também possuem seu preço.
E preço aqui tem a vertente de valor. Sabe, algo que eu transformo e logo atribuo um algo mais sobre o transformado?
Pois bem, este algo mais é que se chama por aí de valor.
As coisas não tinham valor, quer dizer, até tinham sim, mas de certo que o que significava este valor a um bom tempo atrás é absolutamente diferente dos tempos de hoje. 
Uma pedra bruta valia uma cuia com água, uma folha de couve era objeto raro, uma manga não tinha tanto valor, mas um pacote de sal, um quilo de feijão, uma lata de azeite “extra virgem”, com certeza possuem referências de valor com patrões bastante contemporâneo.
O curioso é ir percebendo que ao longo do caminho a humanidade foi transformando a natureza, olhem só o que fazemos com o petróleo, e fomos valorizando tanto, que poucos passaram a dominar sobre uma multidão, que inexplicavelmente se rende voluntária aos desejos, caprichos e vontades deste pequeno grupo.
As pessoas que passaram a valorizar demais as coisas, passaram a deter o controle sobre estas coisas a tal ponto de gerar um montante destas outras pessoas sem direito a usufruir daqueles materiais. 
As coisas duplicaram, triplicaram seu valor.
 Na fábrica, na indústria, no comercio, e também do sistema estatal (ainda não analisado) o lucro passou a ser a herança da humanidade. 
Da humanidade que controla, domina. 
Os controlados, os dominados apenas trabalham.
Sendo assim, entre tantas formas de acalmar, controlar, amansar as pessoas que – não se sabe por que raios – passavam a questionar esta desigualdade, foi criado um Deus. 
Que demonstrou que havia uma confortável maneira de não se estressar com essas coisas incompreensíveis, que na verdade, possivelmente seriam obras dele e só à ele cabia o entendimento.  
Esta maneira de domesticar as pessoas também tem seu valor. 
O controle social é a consequência desta prática.
Quando chegamos neste ponto, onde as coisas tem seu valor alterado, tornando-se restritas a uma minoria cada vez mais abastada, nos deparamos com a valoração ou desvaloração da ´pessoa. O seguinte é o negócio, quem tem, tem e terá sempre mais, que não tem, até o que tem lhe será tomado.
E aqui, descobrimos um preço para um.
e outro preço para os outros.
Seja de qualquer maneira que se possa imaginar, todos passamos a ter um preço, algo bem diferente do valor que nossos ancestrais intuíam sobre valor de coisas e sobre valor de pessoas. 
O preço de um suborno para nossos ancestrais talvez nem fosse o preço. 
Já para nossos semelhantes contemporâneos, nossa reputação é uma fichinha de radiola no puteiro.
 Refiro-me ao valor econômico e não ao simbolismo pejorativo.
Minha moral tem um piso, o teto quem determina é a minha consciência. 
Já quiseram estipular um teto para consciência com uma lei, mas nem bem a lei foi redigida já tinha gente com valor de mercado a preço de laranja,  sem ir muito longe, o pessoal do controle (o governo militar) pediu dinheiro emprestado, depois disse que quem deveria pagar o débito seria o povo.
Todos é o que peço para você refletir, todos nós temos um preço. 
Um beijo roubado, mesmo esperado, um passeio na calçada com o cãozinho, o segredo do melhor amigo.
O que vale a pena pensar é que se somos assim, por que nos assustamos com a prática mais ancestral da humanidade, quem ensejou seu controle? 
Talvez tenha sido um controlado, que sofre as desigualdades desde sempre, talvez. 
Mas mesmo assim, ele deve ser consciente de que também carrega seus valores para com os outros e as coisas, no fundo, diria o filósofo alemão é um capitalista nato. 
Talvez jamais o alemão diria tal coisa, mas pensemos em genuíno. 
Weber poderia nos apresentar um aspecto inicial, ideal, é verdade, mas ainda pouco elucidativo.
A essência do capitalismo, remonta, parece-me aos anseios animalescos, evoluindo ao longo do tempo e devidamente significado.
Temos um preço que perpassa nossa moral, nossos princípios e nossa vontade. É um vício.

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