DESDE O PRIMEIRO CONTRATO

      Uma guitarra nua. Morena meia luz. O caraminguá do banheiro eu apago. Um pano molhado ficou sobre a cama. Dois Derbies. Uma caixa de fósforo com duas pedras e uma baga. Era tudo que eu tinha - um flagrante  -.

Peguei os vinte em cima da mesa preso  num jarro. Mãe saiu e deixou o "salve". Fui de trem. Andei o triplo, mas era tudo tão ceda. Da estação até lá levaria 25 minutos. Pelas ruas largas da cidade.desfrutando da sombra fechada daquelas decárvores. 

 Sentei no banco do escritório para fazer o exame médico admisiional. Era ali na avenida Presidente Prudente de Moraes. Nem demorou. "Está com alguma doença venéria"?  Veio uma voz cheia, embriagada, tomou conta da sa, de um velho senhor. "Duas vezes". Disse e orgulhoso  emendei "curadas com ciência e saber popular, aquelas garrafadas". "Faz tempo"? "Três  anos". Digitou numa máquina elétrica,  uma moça vestida com farda azul ou verde, o coroa assinou. " Pronto, boa sorte". Levantou-se e foi beber água.  Vi enquanto fechava a porta saindo da sala. Aproveitei os 20 reais que mãe deu e fui deixar o laudo legal.

Peguei o 65. Desci em frente ao hotel. A vontade era beber aquela grana de cachaça.  Depois, isso fica para mais tarde. Entreguei o documento no RH. Bebi água e fui no banheiro.  A volta seria árdua. Bebi dois cafés. O sol alinhou com minha nuca e castigou. Cheguei no castelão.  Vou pegar o trem das 15. Num banheiro do quebrado de mais uma obra pública - nossa grana, um preço justo no transporte público, por exemplo. Ali queimei uma baga e uma pedra. Nem por isso o sol me esqueceu . Uma ponta de cano dobrada e amarrada com um fio azul, vazava água. Oba! Me banhei, bebi água fresca, fria e amarrei a ponta do cano do jeito que achei.  


 A tarde vinha caindo. Vou lá no ópera. O trem chegou as sete da noite..

O trem. Quebra um galho  do caralho. Cinquenta centavos de Real. Fiquei perambulando pelos botecos. Bebi uma cachaça com um quarto de laranja gelada, velha, casca marrom ainda doce.  

Tomei o burrinho ouvindo mutantes. Ainda sobrava para meia de Derby. Seu Chico na esquina. Sua bodega encantada. Quase na hora de fechar. Traguei o primeiro, bem firme, e senti uma porrada na bunda. "Vige"!

 "Indo pra casa"  

"Não. Tirar documentos".


"Fica aí,  é  só um burrinho".


Bem, ainda posso guardar 8. 6 de foto. E um Derby. 


"O primeiro burrinho hoje é meu".

Comentários

Postagens mais visitadas