Textos de Ringer (Racionalidade e Cultura e Alemanha nos séculos XIX e XX)
O trabalho é resultado de vasta e embasada pesquisa
feita em trabalhos que coligem discursos proferidos em universidades, em
manuais e antologias, fazendo análise detalhada das opiniões dos professores
universitários alemães, notadamente aquelas que se referem às reações nascidas
em virtude do rápido e acentuado processo de industrialização por que passava a
Alemanha na transição da primeira para a segunda metade do século XIX (mais na
segunda que na primeira) e que levou à decadência da tradição clássica do
ensino superior alemão.
O trabalho do historiador Fritz Ringer aborda uma
série de estudos comparativos sobre os modernos sistemas educacionais na
Alemanha, França e Inglaterra, firmando sua reputação como historiador social
da ciência.
Recusando, desde o princípio, a tendência laudatória vigente nas
análises do campo intelectual, Ringer procurou enfatizar aí os constrangimentos
impostos aos diferentes atores, bem como suas reações a eles. Em alguns casos,
abordou essa questão por intermédio das respostas burocráticas dadas pelas
instituições de ensino, tais como as estratégias para assegurar o sucesso
acadêmico de um grupo, ou barrar o de outro. Em outros, explorou as lógicas de
um debate intelectual específico. De qualquer forma, suas reflexões estiveram
invariavelmente empenhadas em desvelar o quanto há de conflitos sociais no
campo intelectual e naquilo por ele produzido.
Para Ringer, os intelectuais
mandarins, na Alemanha, eram considerados autoridades que podiam falar em
nome da minoria privilegiada e dominante.
Muitos alemães cultos, para formar
suas opiniões sobre assuntos culturais e políticos, orientavam-se pelos
professores universitários, especialmente cientistas sociais e filósofos
humanistas.
Ringer aponta que a postura de alguns desses
intelectuais de se pôr muito acima das classes e interesses sócio-econômicos
levou-os a assumir posições radicais, sectárias mesmo, o que ensejou o ingresso
de muitos alemães cultos no mundo falsamente idealista do anti-semitismo e
carregar nas tintas um nacionalismo agressivo e extremado.
Os mandarins alemães
procuravam ainda construir um intelectual e uma ciência genuinamente alemã, sob
o pretexto da construção de uma autoridade intelectual que vive distante dos
problemas em sociedade.
Ringer ainda polemiza acerca da democratização da
Universidade, quem poderia acessá-la?
Palavras chaves:
“intelectuais
mandarins”: Um termo que foi
usualmente utilizado para identificar as classes cultas da Alemanha,
particularmente, os professores das universidades.
“Processo de
Industrialização”: Pode ser compreendido como um tipo de processo histórico
e social, de onde a Indústria, torna-se o setor predominante de uma economia.
Há uma transformação social e nela uma significativa mudança nos hábitos e
costumes. Para Karl Marx as mudanças surgidas com a Industrialização são
influenciadas pela realidade material, ou seja, pela nova reserva econômica que
se forma.
Explicação:
O contexto Alemão apresenta uma nata da educação
superior, os mandarins, oriundos de uma classe culta, servidores públicos,
professores acadêmicos que teciam comentários e orientavam com excelência os
rumos de uma Alemanha em significativa transformação.
O processo de Industrialização ao qual a Alemanha
passou acarretou-lhes ao desenrolar da história, infelizmente, com as opiniões
de uma classe minoritária e dominante, uma postura sectária e a arrogância de
alguns em colocar-se muito acima das classes e interesses socioeconômicos
levando-os ao antissemitismo, a um nacionalismo agressivo dentro de um universo
pseudo-idealista.
Ringer se põe a pensar a realidade da alta
intelligentsia alemã de uma forma crítica, e por isso questionava as concepções
e conceitos gerados por esses intelectuais para às ciências humanas. Ele propõe
uma crítica a cultura dos intelectuais mandarins, onde o conhecimento é tornado
propriedade de uma casta e o cientificismo é cultivado como uma questão de
status.


Comentários